Mais amor, por favor (?)

Está faltando é amor próprio e isso quase ninguém vê. 

Que já me desculpem aqueles que acreditam em um amor 100% altruísta, ou em uma realidade fantástica onde a chuva é de corações e que amores bastam sozinhos, mas eu preciso convidar você que acredita em tudo isso a parar por um momento e repensar esses conceitos.

Não me leve a mal por dizer isso em alto e bom tom, eu também acredito em amor, acredito mesmo, acredito em coisas lindas e em como uma pessoa pode transformar a vida da outra e talvez eu acredite até demais por pensar da forma como penso. É só que eu não acredito em amor sozinho, eu acredito na vida e nas pessoas e não só no lado bom ou no lado ruim mas também naquele lado que as vezes é difícil de controlar e acaba escapando e cometendo erros, mas antes que eu me perca vou tentar explicar o motivo de estar aqui escrevendo isso.

Eu vi a algumas semanas atrás um grupo de meninas mais ou menos da minha idade, algumas um pouco mais velhas, conversando sobre como as vidas delas seriam super melhores e diferentes assim que encontrassem os amores de sua vida e antes que pudesse pensar "ah, que bonitinho" eu fiquei triste. Me entristeceu de verdade ver que tem gente com potencial de vida enorme que deposita toda a esperança de alegria em uma pessoa que ou não conheceu ainda ou não conhece por completo. Fiquei triste porque pensar assim, faz a pessoa amar uma ideia mais do que a si mesma.

Fiquei com a conversa delas na cabeça e eu só pensava em todas as aulas sobre distúrbios alimentares, psicológicos e afins que eu tive na escola e fiquei pensando...nossa, talvez o que falte aí é ela gostar mais dela e isso não saiu da minha cabeça. Mas eu continuei pensando naquilo e aí eu entendi: não está faltando só olhar o espelho e se sentir feliz com aquilo, tá faltando acima de tudo a noção de respeito, de respeito próprio, de entender o próprio valor (só isso pra mim valeria muita coisa na ajuda contra os distúrbios que eu citei antes).

 Eu acredito sim, que o amor deve ser altruísta antes de mais nada, mas me responde, como amar alguém quando não existe amor dentro do seu próprio coração? E acima de tudo, contar que outra pessoa vai te dar a felicidade da sua vida já não é um pensamento egoísta? Porque amor bonito mesmo é aquele em que você faz a outra pessoa feliz. A gente ama o príncipe encantado porque ele tirou a bunda da cadeira dele, arriscou tudo o que tinha e salvou a princesa, enquanto a princesa coitadinha, só sofria com a vida dela esperando alguém que poderia muito bem ter se esbarrado com outra que teve iniciativa e se apaixonado antes de chegar na menininha deitada na torre.

Aquelas meninas vão sim encontrar pessoas que vão virar o mundo de cabeça para baixo para fazê-las sorrirem. Mas não vai ser só assim, vão ter os dias ruins, vão ter os dias péssimos, vão aparecer príncipes errados e eu me pergunto se elas terão nesse o momento a coragem de levantarem das cadeiras delas e procurarem novos príncipes, ou se elas vão ser humanas o bastante para, antes de tudo, fazerem o príncipe delas feliz sem esperar nada em troca. Você não precisa se doar totalmente para uma pessoa, você tem que guardar um pouco de você para sobreviver as tempestades também. Porque a verdade é bem simples, todo mundo tem a obrigação de ser feliz nessa vida, mas ninguém é obrigado a fazer o outro feliz, isso é uma questão de escolha e nem todo mundo está disposto a escolher isso.

Eu fiquei triste pelas meninas, mas estou aqui esperando de verdade que elas sejam princesas dignas de um príncipe mas que principalmente, encontrem príncipes que sejam dignos para elas.

Medo da inércia

De vez em quando, quando eu to no meio do caminho da sala para o quarto, ou da casa para a padaria nessas atividades de rotina constante eu sinto uma dor no meu coração, um aperto, do nada mesmo e a minha vontade é sair correndo. É o medo repentino que toda rotina me trás, eu demorei a descobrir que esse é o meu maior medo na vida, o medo da inércia. 

Eu tenho um medo imenso de não conseguir mudar, de não conseguir sair do lugar de não evoluir. Eu sinto um pânico terrível de pensar em perder aqueles que eu amo, o meu namorado, minhas irmãs, minhas sobrinhas... e assim que esse assunto me vem à cabeça eu já começo a chorar incontrolavelmente e paro de pensar racionalmente. Depois que eu tomo um banho e escuto muito Ed Sheeran, eu volto a pensar nesse assunto, mas dessa vez realmente pensando e mesmo sem querer eu entendo que esse tipo de coisa é inevitável e se eu quiser sobreviver eu tenho que entender que como não posso fazer nada contra isso e que a saída seria de fato, sair da dor.

É bem aí que a história piora, e se eu não conseguir? E se eu não conseguir viver uma vida sem o homem que eu amo, ou a minha família que é a minha base? E se alguma coisa acontecer e eu ficar ali no fundo do posso? E se eu nunca achar nada que eu gosto realmente? E se eu nunca realizar um sonho? E se eu nunca emagrecer? E se eu nunca for melhor e mais madura do que eu sou agora? E se a vida não passar disso? 

Entrando no quarto, ou voltando da padaria eu respiro fundo um milhão de vezes e tento fazer mais planos para conseguir me mover do estado em que minha mente parou, eu tento fazer uma retrospectiva de tudo que já vivi, mas algumas vezes, só parece não ter sido o suficiente, e aí mais uma vez eu penso, e se eu já tiver feito todas as escolhas erradas? E se eu escolhi o pior caminho? 

 Acredito que esse medo nunca vai sair de mim, mas alguma aconteceu nesse caminho entre enlouquecer com a rotina e planeja uma nova que fez entender uma coisa simples, que nesse momento anda me acalmando bem mais que qualquer música ou banho quente: Ainda bem que eu tenho esse medo, seria muito pior me contentar com o que não está bom o suficiente para mim e não ver saída em situações terríveis. Comecei acreditar que esse medo de não me mover é o que tem me feito ir para frente.